Austrália, Corrida

O grande trunfo para quem queria uma embolada (que era a chuva) não veio. Aí, virou barbada.

A vitória de Rosberg foi tão tranquila como a de Hamilton, em 2008, a clássica “de ponta à ponta”. E o maior motivo para tal pode vir justamente de Lewis, um dos amaldiçoados pelos problemas “aleatórios” que deverão fazer muita gente praguejar neste ano ainda.

Rosberg vence na Austrália, e não foi nem um pouco difícil.

Mas não havia o que ser feito: era claro que, desde a largada, o rendimento do inglês não era competitivo, e a chance de salvar alguns pontos na prova não valia o risco de se perder a unidade de potência. Decisão acertada da equipe, por mais que seja extremamente frustrante para o piloto.

Fato que aconteceu também com Vettel, e o alemão foi outro que teve de assistir o sucesso de seu companheiro na pista. Não me parecia que Ricciardo teria ritmo para acompanhar os primeiros, mas a corrida do garoto foi impecável. Longe de estar em um ritmo para acompanhar Rosberg, claro, mas como ninguém mais parece estar nem perto do que a Mercedes possa produzir, foi o suficiente para se manter na frente do resto.

A McLaren, sem dúvidas, foi a que mais pode ter que se alegrar com o resultado. Magnussen fez uma corrida tranquila e, por mais que parecesse ter carro para ameaçar Ricciardo, preferiu uma tocada menos agressiva, até para prevenir alguma “afobação de novato”. E terceiro lugar na estréia é para poucos. Button, então, fez uma corrida típica: deu muita sorte no início, quando o Safety Car entrou praticamente na hora em que ele passava pelos boxes, podendo aproveitar o máximo e ganhar 3 posições. Depois, antecipou a parada, vendo que ninguém ia passar Hulkenberg na pista, voltou virando 1,5s mais rápido por volta do que este e Alonso, e o resultado não poderia ser outro: 2 posições ganhas e quarto lugar pra ele. Nenhum ganho na raça, mas muito ganho na estratégia. Bem ao estilo do Jenson.

Alonso, discretíssimo, viu que não tinha muito mais o que se tirar do carro que lhe deram e tratou de ficar por quinto mesmo. Hulk, sétimo. Merece uma menção honrosa por não ter tomado passão de ninguém em 90% da corrida, mesmo com um Fernando colado o tempo todo. Só não aguentou o “sangue nos olhos” de Bottas, que o passo no final para terminar em sexto. A corrida do finlandês, porém, ficou marcada por um erro bobo: uma encostada no muro, no início da corrida, o fez cair de 6º para 16º. Daí, remou tudo de novo, o que foi espetacular, mas mostra o ótimo carro que tem em mãos. Tomara que o piloto bote a cabeça no lugar, pois seria frustrante ver a Williams perder pontos bobos por conta de seus pilotos mais uma vez, assim como em 2012, quando o carro também era bom.

Pontos que já foram perdidos por Massa, mas este parece mais sofrer de um “karma” de Melbourne e começo de temporada em geral. É impressionante como Felipe costuma se dar mal nas duas primeiras etapas. Dessa vez, atropelado pela Caterham de Kobayashi logo na largada. A equipe, porém, já comunicou à FIA que houve uma falha grave no sistema de freio traseiro, novidade para a temporada, e que não havia o que ser feito. Veremos se a justificativa diminuirá uma provável punição, pois o acidente teve traços “Grosjeanísticos”, a la Spa em 2012.

Massa, bem no estilo “U Mad, Koba???”

Por fim, Raikkonen, Vergne e Kvyat completaram o top 10. Bom para o russo, outro que marca pontos logo na estréia, e a Toro Rosso em geral se comportou melhor na corrida do que o imaginado nos treinos. A conferir se a performance se repetirá daqui pra frente, ou se foi apenas um “ponto fora da curva”.

No fim das contas, as conclusões não mudaram muito em vários pontos. Mercedes deverá mesmo ser a equipe a ser batida, a Williams tem um carro realmente forte e as equipes propulsionadas pela marca alemã parecem mesmo ter uma vantagem em relação às demais.O mais inesperado, com certeza, foi o segundo lugar da RedBull. A equipe mostrou que tem sim carro para andar lá na frente, mas os problemas ainda preocupam. Fora isso, a McLaren começa em uma posição forte e mostra que está evoluindo, e a Ferrari parece que terá de remar bastante durante o ano para brigar mais lá na frente (o que, convenhamos, anda sendo quase que rotina pros italianos).

Na Malásia, já prevejo mais dificuldades para equipes Renault, visto que potência lá é bem mais um fator do que em Melbourne. Mas isso é algo a se confirmar somente daqui 2 semanas.

PS: fiquei sabendo da punição de Ricciardo com bastante atraso, já que estive com problemas de internet desde o final de semana e o texto estava já pronto, só aguardando para ser publicado quando eu conseguisse um sinal… de fato, o time parece ter sofrido com o controle de alimentação de combustível desde o início das atividades em Melbourne, e parece que havia um acordo com a FIA para relativizar as medições do sistema. Mesmo assim, a entidade decidiu por punir Daniel, alegando que as medições “estiveram constantemente acima do limite permitido”, excluindo o carro #3 da corrida. Isso ainda vai dar muito “pano pra manga”, a equipe já declarou imediatamente que irá recorrer, mas o que vale agora é que todo mundo sobe uma posição (menos Rosberg, óbvio). Com isso, quem herdou uma vaga na zona dos pontos foi Perez.

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