Bahrein, Corrida

Essa, definitivamente, me pegou de surpresa.

Depois de duas etapas morosas, a F1 chegou no Bahrein, uma pista que não era notabilizada por corridas das mais emocionantes. Essa impressão, porém, parece ter resolvido tomar um rumo dramaticamente oposto, bem como a noite que tomou lugar às corridas em tardes quentes e ensolaradas em Sakhir.

A corrida, como era de se esperar, foi dividida em duas: a da Mercedes e a do resto. De surpreendente apenas o fato de Hamilton ter ignorado completamente o lado sujo da pista e tomar a ponta de Rosberg já na largada. Massa, em um pulo sensacional, saiu de 7º para 3º, e parece que as boas largadas estão virando mesmo a especialidade do brasileiro.

Sua Williams, porém, não conseguia se desvencilhar da Force India de Perez, que acompanhou sempre de perto até dar o bote na volta 14. Enquanto isso, Hulkenberg, saindo de 11º, passava um a um na sua frente sem dó, comprovando o ótimo desempenho do carro indiano na pista barenita. A partir daí, notou-se como a Williams estava mal para conservar seus pneus, tendo que parar mais cedo que seus rivais diretos do momento.

Enquanto isso, uns bons 20s lá na frente, Rosberg tentava o que conseguia pra cima do companheiro. Após a volta 16, parecia que Nico havia conservado melhor seus pneus e começou o ataque. Hamilton, porém, se defendeu perfeitamente até a volta 18, quando fez seu pit. Naquele momento, o engenheiro do alemão alertou “faça mais duas voltas fortes com esse pneu, estamos mudando de estratégia”. De fato, Rosberg parou 2 voltas depois, voltou bem mais atrás de Hamilton (pelas 2 voltas que o inglês fez de pneus novos), e com pneus médios no carro.

Como as coisas sossegaram lá na frente, a atenção voltou para o resto. Bottas e Felipe agora figuravam em 3º e 4º, por terem parado mais cedo, mas com a dupla da Force India se aproximando com pneus mais novos. Ao chamar Bottas para o segundo pit, na volta 26, ficou nítido que seria impossível pra Williams tentar algo com 2 paradas, fato que ficou comprovado por Valtteri voltar para a pista novamente com pneus macios. O mesmo aconteceu com Massa, 3 voltas depois. Ambos voltaram mais atrás, tendo que brigar com outros carros, podendo perder um tempo que poderia ajudar bem os forceíndicos.

Aonde andavam Ferrari e Red Bull, você deve estar se perguntando. Vettel, que havia tentado algo diferente ao largar de médios, viu que não ia levar em nada e logo trocou para os macios, na volta 18. Ricciardo ficou várias voltas brigando com Raikkonen, que não se achava na pista, e já tinha tomado pelo menos umas 4 passadas até ali. Alonso ia na frente dos 3, fazendo o que podia. Não parecia ser a corrida para as 2 equipes.

Pouco depois da maior parte da turma ter feito sua segunda parada, Massa resolveu antecipar a sua desta vez, indo finalmente para os médios na volta 39. Com pneus novos, teria de remar tudo de novo para chegar em Perez e Hulkenberg, que faziam uma corrida impecável e não deveriam parar mais. Só não contavam com o “fator Maldonado”…

Pastor saiu dos boxes e resolveu acertar em cheio a roda traseira direita de Gutierrez, que vinha contornando a primeira curva. A pancada foi num ângulo tão cruel que o mexicano decolou e deu um giro no ar, destruindo o carro. Com isso, veio o safety car, na volta 42, e como isso foi determinante para o restante da corrida.

A ordem no momento era HAM, ROS, BOT, PER, HUL, ALO, VET, RIC, BUT e MAS. Antes do carro de segurança, fiquei me perguntando se Rosberg tentaria levar até o fim com os médios. Quando ele veio, a sorte parecia sorrir para o alemão: teria a oportunidade de parar, voltar com os macios, enquanto seu companheiro seria obrigado a colocar médios. E a diferença entre os 2, na casa de 7s, seria zerada. E assim o fez. Me parecia impossível naquele momento qualquer tentativa de defesa de Hamilton depois que houvesse a relargada. A corrida era de Nico.

Aproveitando o ritmo reduzido, Bottas, Alonso e Raikkonen fizeram suas últimas paradas. Valtteri, desta vez, voltou atrás de Felipe, cenário que era idêntico ao do GP anterior: 7º e 8º nas voltas finais. Juro que senti pena da Force India nessa hora: os 2 pilotos fizeram uma corrida impecável, muito provavelmente não teriam seus lugares ameaçados. Mas o que viram foi sua vantagem obtida na estratégia ser reduzida a zero, com 2 carros de pneus macios logo atrás e as Williams em seguida de pneus novos.

Após a relargada, Rosberg, claro, partiu pra cima de Hamilton. Aí foi quando eu me surpreendi de novo. Lewis guiou de modo tão perfeito, defendeu de modo tão absoluto, que além de bloquear Nico com perfeição, chegou a abrir diferença para o companheiro com pneu mais duro! No final, o alemão teve de se render ao dia do parceiro, não havia como derrotá-lo hoje. Vitória incrível do inglês, com certeza uma das que ficará marcadas para sua carreira.

No bolo lá de trás, as Red Bulls vinham tendo um ritmo impressionante com os pneus macios usados. A entrada do safety car ajudou demais a amenizar a temperatura dos compostos, e com certeza aumentar sua longevidade. Ricciardo mostrou que não estava pra brincadeiras, passou Vettel e Hulkenberg e, tivesse mais uma volta, provavelmente passaria Perez também. Resultado sensacional pro australiano, depois de sair de um 13º lugar, mostrando que não chegou à equipe só para ser figurante. É bom Seb abrir o olho.

No final, o resultado ficou praticamente dividido por equipes. Algo normal, já que era a pista onde as equipes tinham andado mais com os carros novos, já conhecendo como deveriam fazer os ajustes. Mas, depois de tudo, uma grande corrida, com brigas o tempo todo, como há tempos não se via.

Resultado:
1. Lewis Hamilton, Mercedes 1h38m42.743

2. Nico Rosberg, Mercedes +1.085s
3. Sergio Perez, Force India +24.067s
4. Daniel Ricciardo, Red Bull +24.489s
5. Nico Hulkenberg, Force India +28.654s
6. Sebastian Vettel, Red Bull +29.879s
7. Felipe Massa, Williams +31.200s
8. Valtteri Bottas, Williams +31.800s
9. Fernando Alonso, Ferrari +32.500s
10. Kimi Raikkonen, Ferrari +33.400s
11. Daniil Kvyat, Toro Rosso +41.300s
12. Romain Grosjean, Lotus +43.100s
13. Max Chilton, Marussia +59.900s
14. Pastor Maldonado, Lotus +1m02.800s
15. Kamui Kobayashi, Caterham +1m27.900s
16. Jules Bianchi, Marussia +1 lap
17. Jenson Button, McLaren +2 laps

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