Prévia: Bahrein 2014

Agora é definitivo: fiquem de olho na Red Bull. Os dois, se for possível. E bem abertos ainda.

Talvez tenha sido ingenuidade de muita gente (e, confesso, este humilde blogueiro está incluso) desacreditar na capacidade do atual time tetracampeão da Fórmula 1. De completamente perdida em seus problemas há pouco mais de um mês, nesta mesma pista que sediará a 3ª etapa do campeonato, a equipe parece ter tomado um rumo inimaginável e já se desenha como a segunda força do grid atual, atrás da quase perfeita Mercedes.
O desempenho na Malásia pode ter ganho um plus pelo fato de que os rubrotaurinos tem um histórico de se darem bem em corridas com altas temperaturas recentemente. E era fato que já eram a equipe que menos apresentava diferenças nos tempos dos pneus após o desgaste em Sepang, durante os treinos livres: os tempos aumentavam, na média, apenas 0.9s após a vida útil declarada do pneu, contra 1.5s de carros como Mercedes, Ferrari e McLaren. A Williams chegou a ter variações de até 3s!

O que muda para este ano é o horário da corrida. Com a largada prevista às 18h locais, muito provavelmente teremos uma temperatura de pista bem menor do que os 42°C de média em condições com o sol presente. Isso pode pesar um pouco contra a reação da Red Bull, mas não muito. Afinal, o carro já demonstrou andar bem em condições de pista molhada (e consequentemente temperatura menor de pista) na própria Malásia. Portanto, esperem Vettel nas cabeças novamente, já que Ricciardo terá de arcar com sua punição e deverá largar bem atrás.

Dito isso, vamos à pista:

O circuito:

Sahkir é uma pista peculiar, apresentando dois desafios maiores aos pilotos. O primeiro são as enormes retas seguidas pro freadas fortes, fazendo com que seja uma das pistas que mais exige do freio na atual temporada. Há 4 pontos em que o carro freia de quase 300 km/h para 1ª ou 2ª marcha (curvas 1, 4, 8 e 14). A alta temperatura só contribui para tal desgaste e, por mais que a temperatura de pista deva cair bruscamente pela falta de sol, não notaremos diferenças tão gritantes com relação à temperatura ambiente.

O segundo ponto é a areia. Sim, por ser um circuito localizado em área de deserto, quase não chove durante o ano, e toda a areia do ambiente e até mesmo de áreas da pista fica acumulada, fazendo com que os pilotos sofram para buscar tração inicialmente. Isso, somado às várias retomadas de curvas de baixa e o alto torque dos motores turbo, pode levar a desgastes inesperados dos pneus traseiros, e creio que será uma das principais preocupações durante o final de semana. Após os treinos, porém, e por sediar também uma etapa da GP2, a pista tenderá a ficar bem melhor até a corrida.

Ajustes e estratégias:

O circuito não necessita de carga aerodinâmica muito intensa, visto que a predominância é de curvas de baixa ou média velocidade, combinadas com as longas retas. Isso pode ajudar carros que tenham um arrasto natural baixo, como aparenta ter a Williams. Ainda assim, descuidar demais da carga pode fazer com que os carros sofram para ganhar tração na retomada de curvas, portanto as equipes devem utilizar um acerto mais “meio termo” neste quesito.

Os freios, como comentado, são a principal preocupação. Será interessante ver como as equipes lidarão com um provável desgaste e o novo sistema eletrônico dos freios traseiros, que limitam possíveis ajustes no balanço.

Os pneus para o final de semana serão o macio e o médio, um upgrade em relação ao ano passado, quando se utilizaram o médio e o duro. Com a temperatura mais baixa e os pneus Pirelli mais robustos deste ano, creio que não teremos tantos problemas como no ano passado, quando carros fizeram 4 ou até 5 paradas. Acredito em estratégias de 3 paradas, assim como na Malásia, ou até mesmo que arrisque 2, como Hulkenberg na etapa passada. Mas sobre isso teremos mais noção quando rolarem os primeiros treinos.

Tempo:

Apostar em chuva por aqui é praticamente como ganhar na Mega Sena. As chances são parecidas. Mesmo com todo o alvoroço de que uma chuva de maior intensidade caiu ontem no circuito e arredores, não há expectativa nenhuma de chuva para todo final de semana. O que significa que, muito provavelmente, teremos a primeira classificação em tempo seco do ano.

Ultrapassagens:

A pista conta com 2 zonas de DRS: na reta principal (onde se encontra a linha de chegada na figura) e na oposta (entre curvas 10 e 11 na figura). O lado bom é que ambas são precedidas de curvas de baixa, o que pode permitir que carros entrem mais “colados” na reta, já que a turbulência por seguir o carro da frente é menor nestas situações.

A ideia com certeza faz sentido, mas não funciona bem assim. Se você está colado em um carro a 250 km/h e a diferença for de 0.2s, estando à mesma distância a 80 km/h a diferença será mais de 0.6s. É uma fórmula simples, V = d/t. Por mais que se esteja colado, não se pode atravessar o adversário. Sendo assim, numa retomada de uma curva de maior velocidade, ele terá um tempo maior de vantagem na aceleração, o que lhe permite abrir uma distância que pode não ser tirada até o final da reta para a ultrapassagem, mesmo com o carro de trás estando no vácuo. Esse foi o principal motivo dos chamados “Tilkódromos” (circuitos projetados pelo alemão Hermann Tilke) não terem funcionado como o esperado. Todos seguiram essa filosofia, e Sakhir não foi exceção. Daí a F1 se viu obrigada a criar mais artifícios, como o DRS…

Como os carros deste ano parecem estar mais “ariscos” pela diminuição de downforce gerada pela alteração de design, deve ficar mais difícil ainda acompanhar o carro da frente. Até por isso, imagino que será mais uma prova com poucas brigas, a menos que alguém esteja muito bom mesmo de velocidade de reta.

Horários:

Não foi só a corrida que sofreu alteração de cronograma: todos os eventos ocorrerão em horários diferentes dos anos anteriores. Por isso, anote aí para não perder nada!

Treino Livre 1 – 08h, sexta-feira, 04/04
Treino Livre 2 – 12h, sexta-feira, 04/04
Treino Livre 3 – 09h, sábado, 05/04
Classificação – 12h, sábado, 05/04

CORRIDA – 12H, DOMINGO, 06/04

 

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